domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pensa no Bem e esquece o mal.

Seja qual for a dificuldade, persevera no Bem.

Fracasso é lição.

Dor é porta de acesso a esferas superiores.

Quem te agride não te conhece por dentro.

Os que te desprezam, desconhecem tua essência.

Pensa no Bem e esquece o mal.

Rompe as algemas que te atam ao pessimismo.

Mentaliza o progresso e abraça a tarefa nobilitante.

O tempo tudo encaminha e a tudo corrige.

Entra no clima da prece sincera, em cuja atmosfera ouvirás a voz do Mais Alto.

Segue para frente, confiando em Deus e em ti.

A felicidade do amanhã começa no pensamento que cultivares agora.

Abraça o ideal elevado, entregando-te ao Bem possível.

No final, a vitória será sempre do amor.

CISNE NEGRO




                                                                                           Clarissa De Franco
Cisne Negro é uma das obras sensíveis, delicadas e irretocáveis, que aparecem de vez em quando para nos lembrar de quão mágico o cinema pode ser em sua magnitude mais perfeita. Perfeição, aliás, é um dos temas centrais nos quais estão mergulhados a complexa protagonista Nina (Natalie Portman), sua dúbia mãe (Barbara Hershey), o ávido diretor de espetáculo Thomas (Vicent Cassel), a interessante antagonista Lily (Mila Kunis) e a ácida e amarga Beth (Winona Ryder).
A busca por perfeição no corpo, no balé, na sexualidade, no reconhecimento de seu trabalho e de sua marca faz com que Nina aprisione-se em um mundo doente, de sofrimento, onde sintomas psicóticos envolvendo indícios de transtorno alimentar, autoflagelação, e alucinações a atormentam, desafiando seus objetivos altos de se tornar a "Rainha do Cisne".
Nina (que nos lembra menina e no filme é acompanhada do jargão de "doce menina", ou "menina meiga") tem a rigidez necessária para tentar conter esses conteúdos assustadores de seu inconsciente. Por isso, apresenta-se como frígida, dura, incapaz de sentir. Mas a história evoca-lhe a coragem de enfrentar suas sombras, tarefa para a qual, em princípio, ela parece não possuir maturidade.
A história coloca lado a lado seu maior sonho e seu maior desafio: para obter o papel principal no famoso espetáculo O Lago dos Cisnes, e de quebra, além de obter reconhecimento por seu duro trabalho, conseguir a admiração definitiva de seu diretor, Nina teria que enxergar seus monstros e entender que perfeição vai além da brilhante execução técnica. Perfeição, diz o enredo, relaciona-se com viver algo com alma, deixar-se tomar pela experiência, ser arrebatado sem chance de reflexão, crítica. Sentir, viver com verdade e intensidade. A perfeição de um espetáculo deve aliar a técnica à paixão, a qual torna real o que seria apenas um personagem.
Encontro com o desconhecido
A menina Nina, envolta em bichos de pelúcia, caixinhas de música, cuidados invasivos da mãe, precisa deixar escapar o controle, perder-se em seu labirinto de emoções assustadoras para ver-se Negra, como o Cisne que não sabia interpretar, para então tornar-se mulher, com verdade, coragem, marcas, que afinal, fazem parte das histórias de todos nós, não é? Esse profundo processo fala de um encontro com a sombra, com tudo aquilo que se nega e desconhece em si.
No caso da protagonista, a sombra contém conteúdos projetados de sua mãe, que também quis ser bailarina quando jovem, mas desistiu do sonho para cuidar da filha. É como se Nina carregasse esse fracasso da mãe, que de certa forma a aprisiona em um mundo infantilizado e sob aparente controle. Entretanto, vê-se claramente o amor da mãe pela filha, mas esse amor é manifesto sob o crivo da doença, da loucura na qual ambas estão mergulhadas.
A mãe é a única que conhece alguns de seus segredos, como o fato de machucar a si mesma, de ferir sua pele. E o segredo entre as duas acaba tornando-se um elemento de manipulação da mãe, que evita que Nina cresça com a justificativa inconsciente de que sozinha ela não dá conta da pressão do mundo.
Ao se ferir, a garota encontra um meio de entrar em contato com seu próprio corpo, pois não consegue fazê-lo de outro modo. Tentou algumas vezes se tocar, entretanto era sempre interrompida tragicamente por uma interferência de seus pensamentos doentes ou pela figura de sua mãe repressora. Essas interferências ocorriam sempre que Nina tentava se soltar, fazer algo fora de seus padrões rígidos. São defesas, que tentam protegê-la do "ataque" do inconsciente.
O sangue, como elemento simbólico da vida e da morte, faz-se presente durante toda a narrativa, mostrando que se trata de um contato entre esses dois universos. O antagonismo entre o Cisne Branco e o Negro são facetas desse desafio de manter-se vivo, consciente dos limites do corpo.
Como se vê, o filme é altamente psicológico e apresenta o universo feminino em suas várias facetas. A "doce menina" frágil, medrosa, acuada diante das possibilidades do mundo, encontra a competitividade feroz e a necessidade de usar armas quando nem queria brigar. As bailarinas, a dança, a mãe, a opositora, a decadente substituída... Estamos falando de mulheres e de seu universo de inveja, obsessão, transtorno alimentar e de imagem, sedução... Um universo complexo cheio de labirintos.
Uma personagem que merece destaque é Lily, a suposta opositora de Nina, com quem disputa o papel principal. Suposta, pois no balanço dos fatos, Lily acaba tendo um papel altamente positivo do ponto de vista psicológico para Nina, pois faz com que ela entre em contato com aspectos muito mal elaborados de sua sexualidade, liberando seus instintos primitivos, como raiva, inveja, tesão, e até mesmo a vontade de matar.
Numa das cenas decisivas há um ferimento com um pedaço de espelho - aquele que reflete, que nos mostra quem somos e simboliza a coragem de assumir sua sombra, ir para a guerra com a força de quem faz o que for preciso para obter a vitória. É quando Nina encarna o lado negro de sua história e não mais vai para o palco representar o Cisne Negro. Ela vai ao palco SER o Cisne Negro. E sai, obviamente, ovacionada, pois finalmente entendeu e atingiu a perfeição. Realidade e loucura puderam, por segundos, se encontrar mais harmonicamente.
Palmas ao diretor Darren Aronovsky. Palmas à Natalie Portman, palmas a todo o elenco. Você, que ainda não viu, corra ao cinema, vestindo-se de coragem.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Avaliação Diagnóstica, Formativa e Somativa



O ano letivo começou, e então você já deve estar pensando, “ começa tudo de novo, e terei os mesmos problemas que tive no ano anterior”. Bem, se essa é a sua atual visão das coisas, quero lembrar que a definição de loucura é “fazer tudo do mesmo jeito e esperar que o resultado saia diferente”. Assim sendo, se você fizer exatamente o que fez no ano passado, certamente colherá os mesmos resultados ao longo deste novo ano.
Ocorreram problemas de indisciplina ? Baixo aprendizado ? Se a resposta foi SIM para uma das perguntas ou para ambas então você precisa repensar a sua prática atual ! E a melhor maneira de fazer isso é perguntar-se: “ como os meus alunos estão chegando ? quem são eles? O que eles já sabem? O que precisam aprender ? como eles poderão aprender melhor ? “.
Lembre-se que  o Planejamento não é sobre você ou suas necessidades. Quem dita o quê e o como,   são os alunos. São as necessidades DELES que precisam ser atendidas. Para isso é preciso investigar e encontrar as respostas para as perguntas que foram feitas anteriormente.
A ferramenta que você usará para responder à essas perguntas é realizando a Avaliação Diagnóstica. Não importa a matéria que você leciona, ou o grau de ensino. Quer seja no Infantil, Fundamental, Médio, Técnico ou EJA, a Avaliação Diagnóstica presta-se ao mesmo objetivo: diagnosticar, verificar e  levantar os pontos fracos e fortes do aluno em determinada área de conhecimento.
É importante frisar que, infelizmente, muitos Professores utilizam apenas prova escrita para a realização desta avaliação. Quando na verdade existem mil e uma maneiras de realizar este levantamento de forma que os resultados sejam mais verdadeiros que aqueles levantados em uma mera prova escrita.
Esta avaliação não se restringe apenas ao início do ano letivo, porém deve ser usada ao longo do processo de aprendizado, para isso lance mão de  dinâmicas, jogos, debates, desafios, apresentações, vídeos, produções musicais, construção de maquetes, resolução de problemas, brincadeiras, criação de blogs, fórum,  etc.
Quando utilizada no início do ano letivo a avaliação diagnóstica fornece dados para que o planejamento seja ajustado e contemple intervenções para retomada de conteúdos, ou realização de encaminhamentos para reforço escolar, e até mesmo para Especialistas (Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo), e quando feita ao longo do ano possibilita que tanto o aluno quanto o Professor possam refletir sobre a utilização de novas estratégias de aprendizado.
Jamais os dados da avaliação devem ser usados para classificar ou rotular o aluno em “aluno bom”  ou “ aluno ruim”. O Professor deve ter em mente que a avaliação oferece um momento de aprendizado para ambos, professor e aluno. Enquanto Professor é possível verificar quais estratégias estão ou não funcionando, além de ser possível constatar quais hipóteses os alunos estão levantando na internalização e construção de determinado conceito.
Já para o aluno, com o devido feedback do professor, torna possível  a compreensão e mensuração do conhecimento adquirido e quais hipóteses são verdadeiras ou falsas, para que o aluno possa descartar as falsas hipóteses e fique focado naquelas que o levarão ao aprendizado do conceito estudado. O feedback do professor lança a luz, clareando  os chamados “ pontos cegos”  em que o aluno se encontra tornando possível, assim, o avanço para a etapa seguinte do processo.
Nesta etapa a avaliação inicialmente diagnóstica, evolui para uma avaliação formativa, onde  o processo de descoberta  que  induz a  novas elaborações de aprendizado, sempre mediadas pelo professor,  é o que de fato importa e conta.
A Avaliação Formativa é o  tipo de avaliação que deveria prevalecer dentro das Escolas, por ser mais justo e atender de fato às necessidades dos alunos. Infelizmente, o que vemos é o uso da avaliação somativa, cujo único objetivo é meramente alcançar determinada nota para “passar” de ano, os alunos são rotulados pelas notas que alcançam e não são auxiliados onde de fato precisam de ajuda.
Por isso, antes de chegar “ ditando” o que você irá ensinar, comece em “ perguntando” o que os alunos já sabem para levantar o que eles de fato “precisam” aprender.
Quer compartilhar ? Quer dar mais  idéias sobre avaliação diagnóstica ? Então aguardo seus comentários  no blog.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
HOPFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à Universidade. P. Alegre. Educação e Realidade. 1993.
LUCHESI, C. Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola? A construção do projeto de ensino e avaliação, nº 8, São Paulo FDE. 1990
WERNECK, H. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. Vozes.Petrópolis. 1994

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PLANEJAMENTO

Conta-se que, certa vez, em uma vila de madeireiros, surgiu um jovem lenhador, forte, alto, com braços mais grossos do que a cintura da maioria das mulheres por ali. Ele já chegou desafiando o melhor profissional local:
— Ninguém corta árvores mais rápido do que eu, tá sabendo, velho?
— Ah, é?
— Na verdade, sou capaz de apostar cem pratas que derroto você, qualquer dia.
— Duzentas.
— Fechado.
E a vila inteira compareceu para ver a competição entre os dois. As regras eram simples: ambos tinham seis horas para trabalhar. Quem cortasse mais madeira ganhava. E os dois dispararam a cortar.
Meia hora depois, entre lascas de madeira que voavam de seu machado, o lenhador jovem viu o velho sentado, sem fazer nada. Gargalhou e pensou que essas eram as 200 pratas mais fáceis que ele ganharia em um dia.
Mais uma hora se passou e o jovem lenhador novamente olhou para seu adversário, que mais uma vez estava sentado, com o machado no colo. E assim foi durante o dia inteiro.
No fim da competição, foram medir a lenha cortada pelos dois. Surpresa: a pilha do velho lenhador era o dobro da do jovem iniciante.
— Mas como?! Toda vez que eu olhava para trás, o senhor estava sentado, sem fazer nada…
— Sem fazer nada, vírgula. Eu estava afiando o meu machado. E aproveitava para ver quais árvores seriam mais fáceis de derrubar e se havia alguma já meio podre, pedindo para cair.
Existem pessoas que se esforçam muito, que saem para trabalhar com tudo, todos os dias. E há outras que pensam um pouco no que fazer e em como podem fazer seu trabalho render mais com o mesmo esforço, que estudam para melhorar o seu desempenho, que leem jornais para se informar, que tiram um tempo para conversar com os clientes e perceber o que eles desejam, enfim, que afiam seu machado.
O segredo do sucesso não é trabalhar mais, porém trabalhar de maneira melhor.