segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O papel das escolas no desenvolvimento das competências socioemocionais

Um novo olhar educacional
Como diz Júlio Furtado(RJ): Competências socioemocionais são aquelas que possibilitam um relacionamento saudável entre as pessoas, tendo como base uma boa administração da dinâmica emocional na qual estamos inseridos ao longo da vida.Suportar as frustações a ponto de não sermos mal-educados com os outros é um exemplo dessa competência.Outra Competência socioemocional essencial é reconhecer nossos limites em contexto coletivos, muitos alunos não tem oportunidade de desenvolver tais competências e ai questionamos: Qual o papel da escola nesse contexto?
Essas competências deveriam ser desenvolvidas entre a família, célula mater no desenvolvimento de competências e da escola, segunda instituição, onde ambas deveriam traçar um acordo e falar a mesma língua.Isso levando-se em consideração, que os funcionários da escola já tenham desenvolvido essa competência, pois muitos profissionais apresentam comportamento mais imaturo que seus alunos, caindo nas famosas "armadilhas armadas por eles" onde a todo momento colocam em cheque o psicológico do professor e dos pais.
Assim estaremos reforçando essas situações emocionais, gerando mais conflitos no ambiente escolar. É quando ocorre na cabeça do aluno: " legal funcionou, toda vez que faço algo negativo ele me chama e meu nome entra em evidência a aula inteira", ganhando assim "o respeito" de muitos alunos.
Para Júlio Furtado existem funções chaves no desenvolvimento dessas competências.É necessário fazer com que nossos alunos conheçam suas emoções e ajudemos a administrá-las e a expressá-las de forma construtiva.
A arte é elemento poderoso nesse processo, pois ele estará expressando, criando, colocando o emocional para fora e ao mesmo tempo trabalhando de forma lúdica, sentimentos e atitudes como concentração, criação, expressividade, raiva, fragilidade, medo, timidez , dentre tantos outros.
Furtado ainda diz que a escola precisa deixar claro quais são suas crenças, valores, missão, envolver e engajar a família no trabalho realizado, pois só assim conseguiremos gerir emoções, controlar impulsos, lidar com situações frustantes, e ao mesmo tempo, sendo empáticos, evitando assim cenas de onipotência fantasiosas de nossos alunos que vivem e viverão constantemente no decorrer da adolescência o famoso cabo-de guerra professor-aluno, além de desgatar um relacionamento que durará 200 dias letivos, ainda criará simpatizantes e antipatizantes da ação do professor na sala de aula. Por isso precisamos utilizar o bom senso, a psicologia e neutralizar esses comportamentos negativos, pois na época da ditatura tinhamos a palmatória, hoje possuímos uma arma bem mais forte que é a afetividade.
Estudos constantes sobre a faixa etária e as etapas do desenvolvimento cognitivo dos nossos alunos também são instrumentos valiosos para ultrapassarmos esses obstáculos.
Pois alunos afetuosos, costumam gostar da escola, amam fazer atividades, são super-carinhosos com professores e funcionários , fazem tarefas de casa, participam das aulas, interagem com os colegas e são excelentes no coportamento. Mas agora, acorde, seu sonho acabou, tá na hora de ir pra sala!
Isa Croesy

EDUCANDO OS FILHOS

A difícil missão que não tem bula
Cada filho um temperamento, uma característica, um humor.Embora os pais sejam os mesmos as diferenças são evidentes, são seres diferentes, pensam diferentemente, agem de forma diversificada, afinal somos indivíduos únicos.Então por que insistimos tanto nas comparações????
Essas benditas comparações causam estress, afastam os irmãos, criam rivalidade e competição.
Você seria capaz de dizer qual filho você ama mais??? Garanto que não! Você gosta do jeito carinhosos de um, do jeito despojado de outro, da atenção de um , do humor de outro, do jeito metódico de um e por ai vai.
Filhos são como rosas impossíveis achar duas iguais, até a impressão digital é diferente.
Quando fazemos as famosas chantagens infantis estamos criando danos irreversíveis nos relacionamento de nossos filhos....,mas se eu pedisse a seu irmão ele fazia.
É a mesma coisa que dizer : -"Espere seu pai chegar que você vai ver!. Para que esperar o pai, você como mãe não tem autoridade suficiente para chamar a atenção, para impor limites.
Limite, essa é a palavra do século. Nossos filhos choram, mas como você quer ver a novela para ele calar a boca, você deixa, ele pensa: HUmmmmmmm funciona! E todas as vezes que quiser algo, vai irritar você dessa forma, que para se livrar da situação vai permitir, aiiiii já foi, para recuperar a autoridade perdida você terá que percorrer um longo caminho de volta.
Mesmo com o corre-corre do dia-a dia, precisamos fiscalizar as atividades escolares, o horário de dormir, as amizades, pois embora com 16, 18, 20 ainda são adolescentes, ainda estão em formação e é nessa fase que podemos passar os nossos valores para eles, porque depois é confiar nesses valores passados, pois vem o grupo que vai exercer uma influência muito maior que a família e se não tiver uma boa estrutura emocial podemos perder nossos filhos para rua, ou nos arriscarmos a que eles aprendam da forma mais dolorosa.
Quando o coordenador, o diretor, o professor chama você à escola, longe de querer ocupar seu tempo,e o dele, ele está sinalizando que seu filho necessita do seu apoio, são nossos aliados na arte de educar, de formar esses valores, tão incomuns na nossa sociedade.
Longe de ser uma bula, é um desabafo de uma mãe educadora que se questiona e convida a todos para o mesmo questionamento: De que forma mesmo estou educando meus filhos? Tenho dedicado o tempo necessário? tenho sido o amigo e companheiro que ele espera que eu seja?
Caso sua resposta seja negativa ou caso você não tenha resposta a dar, acalme-se, sempre é tempo de recomeçar.
Como diria Raul Seixas..." Tente outra vez"
Isa Croesy

Inveja

Hoje, principalmente no ambiente de trabalho é comum vermos comentários maliciosos, acusações de fatos inexistentes, e disputa de poder.
Tudo isso se resume a uma só palavra "INVEJA".
Segundo Aurélio: Inveja é o desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem.Desejo violento de possuir o bem alheio.
As pessoas invejosas, não se conscientizaram ainda que são pessoas doentes, jogam milhões de substâncias maléficas no sangue , pelo desejo de ter ou ser o que o que tem ou é.
A energia empregada em derrubar o outro é tão grande, que se esquecem de crescer, de evoluir, de ultrapassar seus limites.
Usam máscaras para disfarçar a incapacidade e tentar ser algo que não é, o preço pago para sustentar essas máscaras é o estresse, a depressão , dentre outras neuroses.
A culpa que carregam, quando chegam a ter consciência dos seus atos é tão grande, que levam indivíduos as vezes , a loucura.
Insegurança é atributo de quem não tem fé, as pessoas não conseguem carregar máscaras por muito tempo, e quando a verdade aparece ficam desesperadas, criando novas mentiras e nutrindo sentimentos cada vez mais sórdidos.
Pensemos na vida como uma viajem, onde você vai acumulando bens ao longo da vida, quanto mais peso você coloca nessa mala mais difícil fica carregá-la.
Vamos limpar nossas malas para que novas energias possam circular, vamos deixar as mágoas, os rancores, a raiva, e levar a alegria, a fé , a esperança o desejo de crescer.
Todos temos capacidade e podemos ser e chegar onde quisermos, se outro chegou primeiro , parabéns para ele, se o exemplo dele é bom sigo, caso contrário, descarto e procuro outros meios.
Artur Shurt diz que devemos ser agradecidos, mas não conformados, não existe limite para nossos desejos, nossos amigos e inimigos, somos nós mesmos.
Nossas ações valem mais que mil palavras ditas a nosso respeito.Vale o que somos, o que realizamos e a resposta que devemos dar a essas pessoas mesquinhas é trabalho e muita oração.
Devemos perdoar, pois quem é invejado está em situação de vantagem, caso contrário, a inveja não existiria.
O mundo é redondo, e se é verdade que todos os caminhos levam a Roma, com certeza nos encontraremos nas esquinas das vidas, nas estações para embarques e desembarques, e quanto menor o peso carregado melhor para nos movimentarmos e chegarmos mais rápido aonde queremos.
O poder é ilusório, cargos são temporários, amizades verdadeiras e linha de conduta se adquire com retidão de caráter e comportamento.
Existe um ditado milenar que diz:"Não há bem que sempre dure ou mau que nunca se acabe" e só levamos de tudo isso; as verdadeiras amizades e o conhecimento que adquirimos com as experiências da vida
Quanto aos invejosos só nos resta a piedade e perdão!
Isa Croesy

Dez maneiras de amar a nós mesmos

DEZ MANEIRAS DE AMAR A NÓS MESMOS!
1 - Disciplinar os próprios impulsos.
2 - Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que pudermos.
3 - Atender aos bons conselhos que traçamos para os outros.
4 - Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação.
5 - Esquecer as faltas alheias sem desculpar as nossas.
6 - Evitar as conversações inúteis.
7 - Receber no sofrimento o processo de nossa educação.
8 - Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o bem.
9 - Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão.
10 - Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.
André Luiz.
A receita de André Luiz, não é fácil, ele chegou a um grau de evolução que ainda estamos perseguindo, mas temos duas opções na vida: Traçarmos nosso caminho rumo a felicidade, ou ficarmos sentados lamentando o que não nos proporcionamos.
Somos autores do livro da nossa vida e únicos responsáveis por nossos acertos e erros.Ainda possuímos algo chamado livre- árbítrio, que é a capacidade individual de autodeterminação, portanto está na hora de sermos protagonistas da nossa história e marchar rumo a felicidade.
Lamentar pelo que não temos é perdermos tempo e energia, temos dentro de nós uma energia criadora que nos permite chegar aonde quizermos, pois "querer é poder",Então é hora de acordar dando um bom dia a vida e botar para fora todo esse potencial que existe em nós.
Lembre-se que nós temos o tamanho dos nossos pensamentos! Pense grande, seja grande, queira mais, "se contente com o que tem mais não se conforme", corra atrás dos seus sonhos.
Claúdia Gimenez(Atriz ) diz: "A vida é um espetáculo que não há tempo para ensaio", por isso siga o ensinamento de Janete Clair quando falou: " Eu gostaria que o ser humano acreditasse que existe dentro dele uma força capaz de mudar a sua vida. Basta que acredite em si mesmo!".
Você é bom! Creia e faça acontecer, assim mudaremos esse círculo vibratório em que estamos envoltos!
Muita luz!
Isa Croesy

Em busca da ancestralidade brasileira

Inspirada no texto de Daniel MunduruKu
Daniel Munduruku, coloca o interesse que as pessoas tem por biografias, a forma como todos gostam de saber o que o outro já construiu na própria vida, o que fez, como conseguiu ser bem-sucedido, como obteve seus títulos, como viveu sua infância."Todos têm muita curiosidade em descobrir o que leva uma pessoa a escolher o caminho que hoje trilha.Aprendi com isso que uma das maneiras mais interessantes de falar às pessoas de forma agradável é contar-lhes um pouco da minha história a fim de que possam pensar na própria vida e do jeito que ela está sendo construída."
Somos a continuação de uma geração, de pessoas que vieram há tempos atrás, vindo dos mais diversos lugares, com as mais diversas culturas, temos uma tradição , que precisa ser perpetuada e continuada.
Moramos em lugares que ignoramos a história , os causos, os costumes, os festejos religiosos, a forma de vestir, de falar , de comer.
Desconhecemos nossa árvore genealógica, até mesmo os males que levaram ao óbito os nossos ancestrais.
Somos frutos de uma árvore crescida que já deu outros frutos, e precisamos resgatar essas sementes para que não se percam.
Tanto se fala em cultura, o que entendemos mesmo por cultura?
Segundo nossos dicionários, cultura é o conjunto de conhecimentos de uma pessoa, o conjunto de características de um povo.
Como estamos cuidamos da nossa cultura, da cultura popular, da cultura da nossa cidade, se desconhecemos a nossa história, se sequer sabemos a linha do tempo da nossa vida, a origem do nosso nome.
As escolas trabalham todo ano com a construção da identidade: qual a origem do nome, quem são seus pais, identidade, fatos marcantes, mas qual a significância e significado desse trabalho para criança.
Que consciência ela carrega sobre o quê está realizando? E satisfeitos dizemos: Eu fiz a minha parte. Agora....., Será que fez mesmo? Suas aulas atingiram o objetivo que esperavamos, ou estamos formando uma geração robatizada," expert" em repetições, será que estamos repetindo o modelo da educação bancária, tão criticado por nós.
Queriamos inovar a educação, despertar a consciência crítica do aluno. Bonito no papel, mas de que maneira estamos trabalhando estes conteúdos é o "x" da questão. Estamos muito preocupados em como ensinamos e muito pouco preocupados em como nossos alunos aprendem.
Para interagir na comunidade precisamos fazer parte dela!
Júlio Furtado conta um história que ilustra bem essa questão, brincalhão como é vai saber ser verdade ou não.
Uma pedagoga recém formada queria trabalhar numa comunidade do Rio de janeiro e fez concurso e passou, morando e criada em Ipanema foi dar aula na Mangueira, chegando lá conheceu os alunos e inquietou-se com o comentário do presunto que todos os alunos não calavam, resolveu interagir com a turma,pensou: _Com certeza caiu da bolsa de alguém, e resolveu participar mais da comunidade e levar a turma pra ver o presunto, foi uma euforia generalizada.
Se arrumaram sairam em fila tudo bem organizado, a professora na frente um monte de gente e ela a pedir licença, todos estranhando a atitude da professora que insistentemente dizia: - Com licença trouxe meus alunos para ver o presunto, e todos iam abrindo caminho, meio sem enter o que acontecia.
Chegando no presunto a professora quando viu o corpo da criança metralhado, desmaiou e foi levada de volta para escola.Reforçando o que vimos falando desde o começo: para interagir com a comunidade é preciso integrar-se e conhecê-la!
Isa Croesy

Educação infantil

Inspirada nas afirmações de Marilene Ribeiro dos Santos
Secretária de Educação Especial


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) preconiza quea educação infantil, como primeira etapa da educação básica, deve ser oferecida em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos.
A educação especial, no entanto, antes mesmo da promulgação da LDB/96, já entendia que o atendimento especializado oferecido a crianças com necessidades especiais era de competência da área educacional, definindo esse atendimento como Estimulação Precoce.
Com o objetivo de sistematizar os serviços educacionais especializados oferecidos a crianças na faixa etária de zero a três anos, o Ministério da Educação publicou o documento Diretrizes Educacionais sobre Estimulação Precoce – Série
Diretrizes nº 03, cuja finalidade era fundamentar a implantação e atualização do referido programa.
A partir dos movimentos internacionais e da LDB, efervesceu, no País, um movimento de enorme força sinalizando que todas as pessoas têm direito à educação, independentemente de classe, raça ou gênero, incluindo aqueles que apresentam significativas diferenças físicas, sensoriais e intelectuais, decorrentes de fatores inatos
ou adquiridos, de caráter temporário ou permanente e que, no processo de interação sócio-ambientais, apresentam necessidades educacionais especiais. Considerando o caráter preventivo do atendimento educacional a essas crianças inclui-se, também, os bebês considerados de “risco” para o desenvolvimento normal.
Diante dessa nova orientação sobre a educação de alunos com necessidades especiais e da atual definição de Educação Especial como modalidade de ensino, o Ministério da Educação elaborou o Referencial Curricular para a Educação Infantil – Estratégias e Orientações para a Educação de Crianças com Necessidades Especiais, cujo o objetivo é subsidiar a realização do trabalho educativo junto às crianças que apresentam necessidades especiais, na faixa etária de zero a seis anos .
Esse documento é fruto da discussão de muitos profissionais, entre consultores, educadores representantes de organizações governamentais e não-governamentais, representantes das Instituições de Ensino Superior, técnicos do Ministério da Saúde, da Assistência Social e da Coordenação de Educação Infantil do MEC, além de pais de alunos. Todos contribuíram com conhecimentos diversos, provenientes de experiências práticas, reflexões acadêmicas e informações científicas.
O Referencial foi concebido para ser utilizado como um guia de reflexão que possa servir de base para a ação educativa dos profissionais que atuam junto a crianças com necessidades especiais na Educação Infantil, respeitando a especificidade de cada criança e a diversidade cultural do País.
Com esse documento, o Ministério da Educação pretende:
- redimensionar o atendimento especializado oferecido a essas crianças, mediante atualização de conceitos, princípios e estratégias;
- orientar e apoiar o atendimento educacional em creche e pré-escola, por meio do esforço conjunto dos gestores das políticas de educação, saúde e assistência social.
A parceria estabelecida entre as áreas da Educação, da Saúde e da Assistência Social é imprescindível para a construção de propostas educativas que melhor respondam às necessidades específicas das crianças e de seus familiares nas diferentes regiões do país.

Marilene Ribeiro dos Santos
Secretária de Educação Especial

A proposta apresentada pela Profª Marilene é vital para funcionamento de creche e séries iniciais, inicia-se ai a base para o ensino de 9 anos, dentro da proposta de política pública diferenciada que vai além da mudança da terminologia de afabetização para 1º ano.
Durante o pós -guerrra carregou-se o estigma de criança ia para creche para se socializar, também, mas além da socialização o principal papel da creche é a estimulação precoce da criança que se faz através de atividades, dança, educação física, dança, teatro, brincadeiras,estimulação do tato, visão, audição motricidade e o que mais se fizer necessário.
Com a questão da inclusão, cresce a responsabilidade das escolas e educadores, devendo os mesmos formarem grupos de estudos didático e metodológico e estabelecerem um grupo para estudos de casos, registrar o desenvolvimento da criança e estudar diferentes formas de estimulá-la sem se tornar massante ou cansativa, pois a visão que a criança terá do processo educativo está nas mãos desses profissonais e esperamos que sejam os mais preparados possíveis.

Isa Croesy

O professor na construção do conhecimento do aluno

Texto de Sandra Mayumi Murakami
O aluno é protagonista e agente ativo de seu processo de construção de conhecimentos. Atualmente, tal afirmação parece conhecida por todos e de unânime consideração por parte dos envolvidos em educação.
Mas, qual é o papel do professor a partir dessa afirmação?
Considerar o aluno como intelectualmente ativo significa supor um professor passivo?
Significa designar ao professor o papel de mero espectador da construção de conhecimentos que o aluno percorre paulatinamente?
Numa concepção construtivista de educação, o professor não é, nem tampouco pode ser, mero espectador da construção de conhecimentos de seus alunos. Cabe a ele o papel de organizar as situações de aprendizagens, as intervenções pedagógicas que auxiliem os alunos em suas próprias construções, que considere seus conhecimentos e os mecanismos envolvidos nessa construção, além das questões relacionadas à didática do objeto a ser ensinado e aprendido.
A atuação do professor torna-se necessária para que os alunos avancem, aprendam e desenvolvam suas competências, em situações didáticas planejadas, com objetivos previamente definidos, em tarefas que propõem desafios, com organização das formas de trabalho, previsão do tempo a ser utilizado e intervenções pedagógicas consistentes.
Mas, como isso se realiza na prática pedagógica? Como realmente realizar intervenções pedagógicas adequadas para que os alunos avancem em seus conhecimentos? O que se deve levar em conta para que a aprendizagem realmente ocorra?
Estas são questões que rodam o cotidiano dos educadores compromissados com sua prática, que esperam que seus alunos estejam envolvidos em uma realidade de sucesso escolar e não do fracasso, como tem sido.
Não existem fórmulas mágicas, nem receitas a serem seguidas para que os professores possam garantir que seus alunos aprendam. Mas, existem alguns pressupostos importantes, que necessitam ser considerados no processo de ensino e aprendizagem e que podem auxiliar na reflexão sobre como proceder para que a aprendizagem ocorra.
Em um contexto que considera o aluno como construtor de conhecimentos, o professor deixa de ser mero transmissor de conhecimentos definidos por uma lógica externa ao aluno, para considerar seus conhecimentos prévios, as suas possibilidades de aprendizagem e as características do objeto a ser ensinado.
É fundamental que os professores consigam conhecer o que seus alunos sabem sobre o objeto de conhecimento a ser ensinado e aprendido, pois é a partir da possibilidade de relacionar o novo conhecimento com o conhecimento que possui que a aprendizagem ocorre. Assim, quando o professor toma conhecimento sobre os conhecimentos prévios de seus alunos pode planejar situações didáticas que tentem garantir a aprendizagem, ou seja, que permitam que o aluno consiga estabelecer relações substantivas e não-arbitrárias entre o que aprendeu e o que já conhecia.
As situações didáticas planejadas não podem considerar que o simples contato do aluno com o objeto de conhecimento promova a aprendizagem, ou que a simples imersão do aluno em ambientes informadores garanta o aprendizado. Caso isso ocorresse, não teríamos membros não alfabetizados em comunidades letradas. A intervenção pedagógica deliberada é essencial para que a aprendizagem ocorra, o professor deve planejar situações desafiadoras, ou seja, boas situações de aprendizagem.
Segundo Weisz, as atividades planejadas pelos professores, para terem valor pedagógico e serem boas situações de aprendizagem, devem considerar alguns princípios:
o Os alunos precisam pôr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo que se quer ensinar:
Em uma atividade em que os alunos colocam seus conhecimentos de maneira que seja desafiante, as respostas não podem ser de memória, nem óbvias ou imediatas, devem mobilizar os conhecimentos dos alunos para a construção da solução.
o Os alunos têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõem a produzir:
A aprendizagem por resolução de problemas não se restringe aos problemas matemáticos, mas se relaciona à idéia de que o conhecimento avança à medida que o aluno tem bons problemas sobre os quais pensar. As atividades que propõem um bom problema e as que estabelecem desafios para que os alunos avancem ficam na intersecção entre o difícil e o possível.
o A organização da tarefa pelo professor garante a máxima circulação de informação possível:
A situação de aprendizagem, ao possibilitar a interação entre os alunos e também com o professor, proporciona a troca de informações. Os alunos discutem possibilidades de respostas e de perguntas, questionam e explicam como estão pensando determinada questão e trocam opiniões. Nesses momentos os alunos, por terem conhecimentos diferenciados, podem entrar em contato com formas variadas de resolução ou obterem informações que sozinhos não teriam.
o conteúdo trabalhado mantém suas características de objeto sociocultural real, sem se transformar em objeto escolar vazio de significado social:
Em algumas situações, foram criadas práticas que transformaram o conteúdo em um objeto que só tinha vida dentro da sala de aula, não existindo fora do ambiente escolar, como por exemplo: a cartilha, as redações.
É importante manter, ao máximo, as características do objeto a ser ensinado e aprendido como se ele existisse fora da escola, para que os alunos estabeleçam relações entre o que aprendem e o que vivem e possam fazer uso de suas aprendizagens e, assim, continuar aprendendo.
Para exemplificar, tomamos aqui a descrição de uma atividade apresentada por Durante em seu livro sobre alfabetização de adultos:
O objetivo era propor uma situação-problema para levantamento dos conhecimentos prévios referentes ao tema estudado (Projeto: produção de um livro com textos informativos sobre AIDS).
Com os conhecimentos que você tem, resolva o problema: Todos os dias, vemos pela televisão ou lemos nos jornais notícias que contam sobre pessoas que morreram com AIDS. Usamos banheiros públicos, sentamos nos bancos dos ônibus, trens e metrôs, onde sentam milhares de pessoas que não conhecemos. Falamos, beijamos e respiramos próximos a outras pessoas. Se não sabemos quem está ou não com AIDS e se é tão perigosa, como não estamos todos contaminados pelo vírus da AIDS?
A atividade teve ainda vários outros encaminhamentos, pois se configurava como um projeto, tendo como um produto final um livro com textos informativos sobre o tema.
Com essa proposta inicial de trabalho, o professor pôde, além de levantar o que os alunos sabiam sobre os conteúdos, colocar uma situação-problema em que realmente os alunos necessitaram pensar sobre o que sabiam, verificar possíveis contradições entre o que cada um sabia, indicou a necessidade de estudo e pesquisa sobre o tema para que respondessem a dúvidas, curiosidades e, ainda, ampliassem seus conhecimentos. Essa atividade gerou uma grande circulação de informações, pois todos os alunos possuíam um repertório variado de conhecimentos sobre o tema, e fez com que os alunos colocassem em jogo tudo o que sabiam para chegar ao que não sabiam, para produzirem os textos informativos destinados a compor o produto final do projeto: o livro.
Essa atividade procurou manter as características socioculturais do objeto a ser estudado, pois lidou com o tema real, com preocupações que fazem parte do dia-a-dia dos alunos, com as discussões polêmicas que realmente ocorrem sobre o tema. Além disso, organizou a atividade em torno de uma produção textual que também existe fora do ambiente escolar, que foram textos organizados em um livro que puderam ser veiculados na comunidade escolar e na comunidade em que viviam os alunos, cumprindo assim sua função social de informar sobre um tema e possibilitar a consciência para a prevenção da doença.
Para tomar decisões didáticas e planejar as atividades para serem boas situações de aprendizagem, o professor deve considerar: o nível de desafio das atividades; as intervenções pedagógicas mais adequadas; as formas de agrupamento e a seleção dos materiais.
Quanto ao nível de desafio, como verificamos, as atividades devem levar em conta os princípios apresentados para que seja uma boa situação de aprendizagem, mesmo que nem sempre estejam presentes todos os pressupostos pedagógicos simultaneamente, pois dependerá do conteúdo e dos objetivos da atividade. Mas, a atividade deve sempre propor uma situação-problema que leve os alunos a pensar e tomar decisões e que seja ao mesmo tempo possível, mas difícil.
As perguntas e sugestões do professor, bem como as informações oferecidas aos alunos, devem favorecer a reflexão sobre o objeto para que possam avançar em seus conhecimentos. Caberá ao professor perceber o limite entre a possibilidade de problematização e a necessidade de informação, ou seja, quando ainda é importante o professor colocar perguntas para que os alunos continuem pensando e quando é necessário informar, pois os alunos já colocaram em jogo tudo o que sabem e necessitam de dados para continuar pensando.
As formas de agrupamento, ou seja, as parcerias devem ser produtivas para a aprendizagem. Isso se define em função do conhecimento que o professor tem sobre os alunos e sobre o objetivo da aprendizagem. Assim, para se pensar as formas de agrupamentos e para que a interação ocorra de maneira que promova a aprendizagem, é fundamental conhecer o que seus alunos sabem e ter clareza dos objetivos da atividade.
Um exemplo de formas de agrupamentos que podem auxiliar no desenvolvimento da atividade relaciona-se às parcerias que podem ser organizadas para que os alunos realizem uma atividade de leitura ou de escrita. De acordo com os objetivos da atividade, o professor pode planejar parcerias de alunos com hipóteses de escrita(1) próximas ou distantes, para que a troca de informações a partir do que cada um sabe sobre o sistema de escrita possa fazer com todos avancem em seus conhecimentos.
Cabe também ao professor organizar e escolher previamente os materiais necessários para uma determinada atividade, considerando que também isso faz parte de seu planejamento e auxilia na promoção da aprendizagem. O contato com materiais diversificados de qualidade pode ainda proporcionar aos alunos uma interação com objetos sociais que existem fora da escola.
Professores e alunos são protagonistas do processo de ensino e de aprendizagem. Cada um desempenha um papel e possui objetivos diferentes. Os alunos têm o objetivo de aprender e os professores, o objetivo de ensinar.
É importante:
"Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção."
Paulo Freire
Bibliografia:
COLL, César. Aprendizagem escolar e construção de conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
DURANTE, Marta. Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LERNER, Délia. O ensino e o aprendizado escolar: argumentos contra uma falsa oposição. In: CASTORINA, José Antonio et alii. Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. 4ª ed., São Paulo: Ática, 1997.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Pensar a educação: contribuições de Vygotsky. In: CASTORINA, José Antonio et alii. Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. 4ª ed., São Paulo: Ática, 1997.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.
NOTAS
*'Pedagoga; Consultora do MEC.
(1)As hipóteses de escrita referidas são as estudadas por FERREIRO & TEBEROSKY e apresentadas no livro Psicogênese da Língua Escrita, da Editora Artes Médicas. E são definidas como: hipóteses pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética.

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.
Por Airton Luiz Mendonça
Artigo do jornal O Estado de São Paulo)
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a noção do tempo.
Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.
Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.
Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:
Nosso cérebro é extremamente otimizado.
Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.
Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.
Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar
conscientemente tal quantidade.
Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.
É quando você se sente mais vivo.
Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.
Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.
Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.
Como acontece?
Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).
Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noção de passagem do tempo.
Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.
Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.
Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.
Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a....
ROTINA
A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.
Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque).
Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.
Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.
Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).
Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.
Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.
Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.
Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.
Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.
Seja diferente..
Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos..... em outras palavras...... V-I-V-A. !!!
Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.
E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o.... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.
Cerque-se de amigos.
Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.
Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?
Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.
E S CR EVA em
tAmaNhosdiFeRenTes e em CorES
di f E rEn tEs !
CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE, MOLHE, DOBRE, PICOTE, INVENTE, REINVENTE....
V I V A !!!!!!!!